sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Agradecer a Deus? Na luta? “Ce tá doido?"


Tentei começar minha carreira como fotógrafa há alguns meses. Na verdade estava tentando fazer isso já há muito tempo, mas, como diria a música, “piu piu sem frajola, futebol sem bola”, assim era eu, fotógrafa sem câmera. Mas, finalmente havia conseguido um emprego na área de fotografia em que o primeiro salário pagaria boa parte da câmera, você sabe, uma câmera semi profissional é um bichinho caro, meu pai daria a entrada e pagaria minha estadia na cidade durante os quarenta dias do trabalho temporário, já que era em outro estado.

O trabalho estava indo bem, eu tinha a confiança do meu chefe como também sua admiração. Já havia sido indicada para outros trabalhos, um deles me levou a capa do caderno cultural do principal jornal de circulação da cidade, isso fora os trabalhos engatilhados para os próximos meses que seriam uma boa fonte de renda. Ter a minha própria câmera, significava pra mim: Sonho. Aprendizado. Crescimento. Carreira. Sustento.

E o meu bichinho foi roubado, na metade do seu primeiro trabalho. Nas primeiras horas fiquei abismada. Costumo dar muito valor as coisas que conquisto, principalmente quando envolvem esforço dos meus pais. Achei injusto, fiquei com raiva da pessoa que furtou, até porque não precisava, porque era mulher, porque foi covarde, porque eu não entendia o porquê de alguém lá em cima permitir que eu tivesse o gostinho de pegar meu bichinho em mãos se fosse pra um estrupício aqui em baixo o pegar de mim dessa maneira sem que eu mal tivesse dela tirado proveito.

Os seguranças do lugar foram avisados assim como a administração, mas nada de boas notícias. Fui pra casa, aguardar qualquer posição do meu chefe de lá. A pé, durante o percurso até a pensão onde estava, via tudo embaçado, alguém havia ligado a torneirinha dos meus olhos, eu chorava como uma criança que foi proibida de comer doces em plena páscoa.

Foi quando o Espírito Santo me sensibilizou a fazer algo que não concordava até então. Cresci em lar cristão e muitas vezes ouvi de líderes religiosos que não importasse a situação, você deveria agradecer a Deus. Nunca concordei, e não concordo ainda, se pensar nesse ensinamento de uma forma superficial, pois acredito num Deus AMIGO, que não precisa e não quer aparências, hipocrisias, com quem podemos nos alegrar em momentos de chocolate e até correr pra deitar no colo e chorar mesmo sem motivo num dia ruim de cólica menstrual. Creio num Deus que é PAI, que é O CARA da compreensão. Mas o Espírito Santo quis me ensinar naquele momento, a fazer isso de maneira sincera. “Então tá”, eu disse, “vamos lá”.

Me surpreendi com o tanto de motivos que encontrei: Se tive minha câmera roubada é porque minha família tem condições de comprar algo além de comida, um privilégio. Se eu tive uma câmera roubada, a câmera que meus pais haviam ajudado a comprar, significa que eles confiam em mim e que temos um bom relacionamento. Se esse fato (chato) aconteceu numa capital de outro estado, significa que eu tive a chance que poucas pessoas têm de uma experiência de aprendizados numa cultura diferente... E os motivos foram aparecendo, e o que era pra ser um questionamento chato com Deus, um monólogo de reclamações, virou uma conversa, uma conversa com lágrimas, mas que se alternavam a sorrisos, sem gritos, sem chatices exageradas, uma conversa sincera de amor, como deveria acontecer num casamento nesses momentos. Aliás, a bíbia diz que a igreja é a noiva de Cristo, a igreja sou e você, você é a noiva, sabia disso? Que tipo de relacionamento você tem com seu noivo?

Perceber tudo aquilo foi me trazendo paz no lugar da ira. Deus nos permite ensinamentos grandiosos se permitirmos. E o momento que era pra ser o que iria estragar todo o meu mês, virou meu momento único de aprendizado com meu PAI.

Eu não sei o que você perdeu, o que te faz aflito, sei que talvez a minha perda seja apenas uma coisinha material para quem passa por problemas de saúde na família por exemplo. Mas, mesmo pra quem tem alguém muito amado numa UTI de um hospital, essa pessoa deixará de te agradecer por um copo de água que você ofertar a ela porque passa por aquele momento difícil? Provavelmente não. E por quê? Porque isso é se relacionar, e é isso que você precisa fazer com aquele que você chama de PAI, com aquele que é seu NOIVO. Procure motivos mínimos e diários para agradecê-lo, busque RELACIONAMENTO, tenha INTIMIDADE!

“ Tudo o que eu tinha era de Deus, Deus me deu e Ele mesmo tomou. Cai por terra o inimigo de Deus, e louvado seja o nome do Senhor”. (Jó1:21)

Por Geise Coelho

Nenhum comentário:

Postar um comentário